sábado, 2 de julho de 2011

Vale a pena uma passada no blog deste fotógrafo: Christian Tagliavini


A foto chama-se Aspettando Freud, Debbie


domingo, 22 de maio de 2011

A Dama com Arminho e A Bela Ferrageira de Leonardo da Vinci



Depois de um bom tempo sem postar por aqui cá estou de volta!

(este blog perdeu um pouco o rumo pois foi criado para registrar os assuntos abordados pela Confraria Loucos por Arte. Como os "loucos" dispersaram-se pelas coisas da vida acabei usando ele com menos frequência).

Bom.. well.. tonces hoje resolvi colocar duas telas de Leonardo da Vinci porque acabei de ler sobre sua vida no livro escrito por Sophie Chauveau da L&PM Pocket - Biografias. Para quem curte, recomendo. Adorei!!!

Leonardo passou dois grandes períodos de sua vida em Milão e é claro, caiu nas graças do Duque (Milão foi governado por várias famílias e dinastias com o domínio de Ducado. Um deles foi Ludovico Sforza, o Mouro para quem Leonardo fez diversos trabalhos além de ser o encarregado de organizar as festas no Castelo Sforzesco).
Uma de suas obras famosas - A Última Ceia - que pode ser vista ainda hoje foi encomenda do Duque Ludovico a Leonardo e se encontra no Convento Santa Maria delle Grazie, em Milão.

As telas desta postagem - Cecilia Galleriani e Lucrezia Crivelli - também foram encomendadas por Ludovico a Leonardo. Provavelmente eram cortesãs (não descobri nada a respeito das meninas)




A tela de Cecilia foi feita por volta de 1485 e chama-se A Dama com Arminho.
Leonardo privilegia sua beleza natural e decide representá-la sem ornamentos nem jóias. Uma jovem na sua pura beleza de seus 17 anos, numa postura de reserva e pudor. Seu rosto se ilumina num movimento brusco, surpreendido por algo inesperado mas exterior à cena, voltando-se de lado para um misterioso ponto de fuga fora do quadro. Em seus braços, um arminho* de pelos brancos que também parece ter ouvido algo vindo do mesmo ponto externo e que permanece atento, pronto a reagir a alguma eventualidade. Leonardo pinta esta figura emblemática com tamanha força que a imagem parece real, o arminho mostrando toda a agressividade e uma natureza predadora que não deixa de lembrar a de Ludovico, o Mouro... É o que mostram suas patas providas de garras, crispadas e prontas ao ataque, sobre a roupa da jovem. O arminho representa o nome da jovem em grego galée, mas também é o símbolo de seu amante Ludovico Sforza. Cecilia abraça carinhosamente o seu amor junto ao colo. Leonardo certamente o pintou ao vivo pois era um bicho de estimação naquela época. Cecilia possuia dois deles. Era o animal da moda. E Cecilia está na moda. Reconhece-se, por outro lado, a cortesã pelo erotismo e sensualidade que emanam desse retrato e pela mão que acaricia o animal. Também pela sobriedade de seus ornamentos: a faixa dourada na testa, o fio que prende os cabelos e um colar simples denotam a condição de concubina, submissa e reservada. Mas não menos bela.
A tela encontra-se no Museu Czartoryski, na Cracóvia/Polonia.

* conhecido como doninha, é um caçador impiedoso





Lucrezia, nova amante de Ludovico, também teve seu "retrato" executado por Leonardo, à pedido do Mouro.
La Belle Ferronière ou a Bela Ferrageira é uma pintura a óleo iniciada logo após Leonardo terminar a Dama com Arminho entre 1490 e 1495. Por um bom tempo houve um equívoco quanto à autoria do quadro pois Leonardo não assinava suas telas. Quando o Louvre no Séc. XVIII fez o inventário de suas reservas identificou-o como sendo o retrato de uma amante de Luis XIV ou casada com um certo Ferron, ou filha de um forrageiro do rei. Só quando foi conhecida a identidade do autor é que se saberá que se trata de Lucrezia, uma das últimas amantes conhecidas do Mouro. Mas o nome Bela Ferrageira permaneceu.

O dinamismo do retrato se concentra no movimento dos olhos, voltados à direita do observador lançando para fora da cena uma mensagem não expressa. Um pouco como A Dama com Arminho, ela dá a impressão de ser capturada por algo de fora. Nos dois casos essas mulheres parecem esperar ou ouvir alguma coisa ou alguém: o homem que elas amam, é claro. E assim esses olhos voltados para o exterior indicam silenciosamente a onipresença do Duque.

A tela encontra-se no Louvre.







sexta-feira, 18 de março de 2011

Gertrude Stein - Pablo Ruiz Picasso - 1905


Lendo GERTRUDE STEIN no seu A autobiografia de Alice B. Toklas (que foi sua amante) e que na verdade é a narração de suas próprias experiências onde ela aparece na terceira pessoa, me deparei com um livro apaixonante. Para quem gosta de Arte é um mergulho nos ambientes "avant-garde" da Paris antes da Segunda Guerra Mundial onde reinava a flexibilização dos costumes e a radicalização das idéias. Americana auto-exilada na Paris daquela época, criadora do epíteto "lost generation" fazia de seu apartamento na Rue de Fleurus, 27, a embaixada de todos os americanos - Hemingway, Scott Fitzgerald assim como um local para reunião de modernistas como Picasso, Jean Cocteau Matisse, Henri Rousseau e Felix Vallotton. E é sobre ele - Vallotton esta postagem pois amei seu trabalho.




Felix Vallotton foi um dos maiores artistas de sua geração.Nasceu em Lausanne, na Suíça e francês por adoção, ele criou uma obra que pertence ao património comum de ambos os países e da história da arte européia. Retratista e xilogravurista .Esta técnica milenar rapidamente lhe valeu uma reputação internacional como um artista na vanguarda da modernidade. Amigo deVuillard, Bonnard e Maurice Denis, ele se juntou aos Nabis,( Les Nabis, ou simplesmente Nabiis foi um grupo de jovens artistas pós-impressionistas da última década do século XIX.) e se tornou o ilustrador principal de La Revue Blanche. Seu casamento em 1899 com a filha de um grande negociante de arte da época - Alexandre Bernheim - marca uma virada na sua vida e sua carreira. Dedica-se à sua vocação: a pintura.

Ferozmente independente, ele desenvolveu em alguns anos um estilo único, suas xilogravuras tem , influência dos mestres japoneses e o exemplo dos antecessores ilustres como Poussin, Rembrandt e Ingres. Sua arte não rompeu com a tradição, sua paleta de tons suaves alternavam com as cores mais brilhantes, muitas vezes dissonantes, às vezes irreal.

Algumas de suas telas:


Sur la plage



Gabrielle Vallotton - Oil on canvas - 1905



The visit


Interior with woman in red - 1903 - oil on canvas


The Lie - 1898 - oil on cardboard


La Blanche et la Noire - 1913


La liseuse - 1922



Stil Life


En Promenade



La lecture abandonnée - 1924


Still life with Bouquet of Marigolds and Violets



sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Cow Parade em Porto Alegre

81 vaquinhas invadiram os espaços públicos da capital gaúcha. Elaborados por artistas locais elas certamente vão dar o que falar... Selecionei apenas algumas. O endereço da relação delas e os locais onde estão expostas é: http://www.cowparade.com.br/poa/galeria.php


ALEGRIA INVERNAL
(Carol W.)



COWDRINHOS
(Carlos Soares)


A VACA FOI PRO BECO
(Andrey Damo)


PONTE DO COWIBA
(Ana Aita)


VACA GAUDÉRIA
(Hamilton Peres Ferrão)



quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Vincent no mundo fashion


byMK - Comunidade de Moda: Starry Night


Sempre que tenho oportunidade uso a arte para ilustrar meus looks lá no ByMK. Este é um deles: A tela STARRY NIGHT, de Vincent Van Gogh ilustrando a camiseta do look.

domingo, 1 de agosto de 2010

CARAVAGGIO, de anti-Cristo a herói supremo da cultura

Boy with a Basket of Fruit
c. 1593
Oil on canvas, 70 x 67 cm
Galleria Borghese, Rome


(do Caderno2 do ESTADO DE SÃO PAULO - 26/04/29010)


Para comemorar os 400 anos da morte de CARAVAGGIO , a Scuderie del Quirinale de Roma promoveu uma mostra do pintor perseguido pela Igreja e pela Justiça e hoje reverenciado por sua arte revolucionária.
Até o Vaticano emprestou o seu maior retábulo da época da Contrarreforma - O Sepultamento - para a mostra que se realizou de abril a junho de 2010. O artista foi um gênio incompreendido e denunciado pelos seus quase contemporâneos como um anti-Cristo, vindo para destruir a pintura. Ele ficou famoso primeiro em Roma com os quadros mais sensuais de jovens jamais pintados. Vários foram encomendados por um cardeal que, talvez como o artista, fosse pederasta, enquanto outros foram adquiridos por outro cardeal (sobrinho do papa) que provavelmente era homessexual.
Se há quatro séculos era fugitivo da justiça e criminoso em série, Caravaggio hoje é reverenciado como supremo herói da cultura. A exemplo de Van Gogh, Pollock e Bacon, a fama de Caravaggio é alimentada por aparente simetria entre sua vida tempestuosa e sua arte crua revolucionária. Ele costuma ser definido como o primeiro artista moderno. E 50 anos atrás um historiador da arte disse que qualquer um seria perdoado por achar que a contribuição de Caravaggio à civilização estava em algum ponto entre Aristóteles e Lenin; agora poderíamos acrescentar Nietzsche e Marquês de Sade.

Maneirismo

Michelangelo Merisi da Caravaggio ( 1571-1610) nasceu em próspera família da cidade de Caravaggio perto de Milão. Seu pai, Fermo, trabalhava como construtor e arquiteto. O jovem fez seu aprendizado com um antigo pupilo de Ticiano, em Milão e partiu para Roma em 1592. Neste período dominava o estilo conhecido hoje como maneirismo: uma composição movimentada , difusa, com figuras idealizadas em complexas poses, cores quentes e perspectivas profundas. Mas no fim do século, a arte romana foi ficando em parte mais naturalista, com destaque na claridade, no rigor, no drama e emoção humanos.
Caravaggio criou e explorou esse gosto pelo naturalismo. Sua inovação gerou um gênero iluminado e brilhante de cores frescas, com uma ou mais figuras a meio corpo em escala imponente. Usava como modelos amigos, amantes, pessoas do povo, ciganos, prostitutas, gente da vida real - e a si próprio, com sua pele morena. Essas figuras vulgares eram retratadas ao lado de naturezas-mortas ofuscantes. Segundo a crença de Caravaggio, pintar flores era tão difícil quanto pintar uma figura. Com razão ele é considerado mestre do chiaroscuro, criador da ênfase e do alívio mediante contrastes de luz e sombra. Isto faz parte de sua herança milanesa, pois Leonardo da Vinci vivera e trabalhara naquela cidade um século antes: Caravaggio teria estudado seu retábulo da Virgem das Rochas, hoje ma National Gallery. Mas enquanto Da Vinci tentava atenuar as transições, os contrastes de cor e luz de Caravaggio são agressivamente marcados, quase heráldicos na clareza e frontalidade geométrica, destacados contra fundos escuros sem céu. O ousado imediatismo das pinturas de Caravaggio deve muito ao seu método de retratar direta e rapidamente o modelo vivo, sem fazer esboços. Ele traçava as linhas principais sobre fundos pintados em ores escuras. Para as composições com várias figuras, é possível que tenha criado quadros vivos em ambiente sem luz natural, usando lâmpadas (como foi recriado no filme Caravaggio, de Derek Jarman, e em o Poder da Arte, de Simon Schama). O site da National Gallery informa que a técnica de Caravaggio "era tão espontânea quanto o seu temperamento". Mas pouco é deixado ao acaso ou ao impulso. Não estamos diante de instantâneos. A maioria dosgestos e poses é lenta e ritualística e não instintiva ou imediata.
A arte de Caravaggio pode ser mais entendida como uma representação do "momento maquiavélico". Ele viveu numa época em que o termo maquiavélico entrava no uso comum muitas vezes no sentido de abuso. A intensidade regular ( e, até certo ponto, monótona) da obra de Caravaggio decorre de estar ele tão interessado na história política e natural da religião quanto na hitória espiritual. Seu David é narcisista, oportunista e realista antes de ser profeta e futuro autor dos Salmos Penitentes.





The Cardsharps
c. 1596
Oil on canvas, 90 x 112 cm
Kimbell Art Museum, Forth Worth


St. John the Baptist (Youth with Ram)
c. 1600
Oil on canvas, 129 x 94 cm
Pinacoteca Capitolina, Rome


The Lute Player
c. 1600
Oil on canvas, 100 x 126,5 cm
Metropolitan Museum of Art, New York (on loan)


Sleeping Cupid
1608
Oil on canvas, 75 x 105 cm
Galleria Palatina (Palazzo Pitti), Florence


David
1606-07
Oil on wood, 90,5 x 116 cm
Kunsthistorisches Museum, Vienna


The Entombment
1602-03
Oil on canvas, 300 x 203 cm
Pinacoteca, Vatican


Amor Victorious
1602-03
Oil on canvas, 156 x 113 cm
Staatliche Museen, Berlin


David
1600
Oil on canvas, 110 x 91 cm
Museo del Prado, Madrid


Narcissus
1598-99
Oil on canvas, 110 x 92 cm
Galleria Nazionale d'Arte Antica, Rome


Judith Beheading Holofernes
c. 1598
Oil on canvas, 145 x 195 cm
Galleria Nazionale d'Arte Antica, Rome


Rest on Flight to Egypt
1596-97
Oil on canvas, 133,5 x 166,5 cm
Galleria Doria-Pamphili, Rome


Basket of Fruit
c. 1597
Oil on canvas, 31 x 47 cm
Pinacoteca Ambrosiana, Milan



sábado, 31 de julho de 2010








( Rafaela Mazzaro, do Caderno DONNA, ZH dia 13/06/2010)

Na maioria das vezes, o pintor se atém a estímulos que são unicamente visuais para transpor uma mensagem nos limites físicos da tela. Para Juarez Machado, esta afirmação, além de arbitrária, minimiza a produção de seu trabalho mais recente.

A coleção Le Parfum composta por quadros inspirados em novas variações de fragrâncias, que têm lançamento previsto para o final deste ano, é um presente aos olhos e ao olfato.

O convite para realizar a série de 13 obras não foi uma desafio para o artista plástico. Extremamente interessado nos sentidos, na década de 1980, Machado já se aventurava a descobrir novos cheiros.

A cada nova descoberta, percebia que havia tanto a desvendar nos prazeres dos perfumes que acabou desistindo da pesquisa. Não que o interesse tivesse diminuído, até porque a lembrança dos aromas das colônias de suas primas sempre chamaram a sua atenção desde criança. Mas a pesquisa se tornou tão ampla, que o artista achou melhor focar em algo mais específico.

— A relação com o perfume e a memória é mais forte do que a visão. O perfume é um passaporte rápido para as lembranças —, reflete.

Em 2008, quando resolveu retomar a ideia de representar as experiências olfativas em suas obras dando atenção apenas ao glamour e a sedução diretamente ligados ao uso dos perfumes, o artista conseguiu chegar onde queria. Os 35 quadros foram tão elogiados em Paris, que a única recordação ficou apenas no catálogo.

Admirador do trabalho do joinvilense, Josef Einzemberg, dono de uma perfumaria de Paris, tratou de encomendar a coleção de que também estampará as embalagens dos perfumes femininos e masculinos.

Todos as obras são inspiradas nos produtos. Em nomes como “Diabolic”, “Tentation” e “Love Affair”, o artista destila a coleção que será lançada em Moscou e depois circulará por outros países.

Misturando várias produções ao mesmo tempo, o artista é hábil não só com as mãos que esculpem e também pincelam, mas também com as palavras. Todos os textos dos catálogos são de sua própria autoria.

— Ninguém melhor do que eu para falar sobre as obras. Até porque, não acho que deve-se explicá-las. O público é quem vai decidir —, diz.

Para falar sobre os quadros que representam cada sensação olfativa, Machado define, em breves palavras, que na mistura das cores há muito de sentimentos pessoais. Talvez seja este o segredo do mestre.

Juarez Machado estréia no dia 16 de outubro a sua próxima exposição em Paris. Le Parfum que ficará na Galerie Valmay, na Rue de Seine, um mês inteiro.