quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Incógnito e Rembrandt


INCÓGNITO é outro filme que tem num personagem
da História da Arte, seu tema principal.
Desta vez o enredo desenvolve-se em torno das
angúastias de um falsificador de quadros -
interpretado por Jason Patrick -
que se vê obrigado a falsificar um Rembrandt.



Jason Patric no papel de mestre-falsificador de Arte Harry Donovan, anseia por livrar-se do negócio de falsificações e tornar-se pintor legítimo mas, antes, empreende um último trabalho monumental: criar um Rembrandt falsificado que engane absolutamente a todos..
A recompensa financeira é boa mas seus clientes causam arrepios, gangsters de Arte que envolvem Harry em um assassinato forçando-o a refugiar-se na Europa com uma perita de Arte a reboque (Irene Jacob).

Preocupar-se com a sorte deste cara não é tarefa aprazível, mas há compensações na agradável performance de Jacob e na presença emocionalmente dura de Rod Styeiger, mentor de Harry.

O diretor John Badham demonstra especial prazer em penetrar no misterioso mundo da falsificação e no detalhamento dos métodos de trabalho de Harry, na pesquisa intensa, na seleção de cores à escolha das ferramentas e processos de envelheciimento.

Badham mantem-nos em constante curiosidade e fascinação por esta perversa união de perícia e fraude, e interessados no esforço que Harry faz para livrar-se do desperdício criminoso de seu talento.




Rembrandt Harmensz van Rijn
nasceu em 15 de julho de 1606 na cidade holandesa de Leyden. Seu pai era um moleiro, evidentemente próspero o bastante para dar a seu filho mais velho uma educação sólida e matriculá-lo na Universidade de Leyden (1620). Rembrandt, porém deve ter escolhido quase que imediatamente tornar-se artista, pois fez um aprendizado de três anos com um pintor local e então, em 1624, passou seis meses como estudante com Pieter Lastman em
Amsterdã. Lastman era um artista habilidoso, educado na Itália, e apresentou Rembrandt ao chiaroscuro, o uso da luz e das sombras para modelar formas e produzir efeitos dramáticos; a técnica seria central à sua arte.


Telas:

Filósofo meditando -1631

Filósofo lendo - 1631

Pilgrims at Emmaus - 1628-29


Durante alguns anos, Rembrandt trabalhou em sua cidade natal, fazendo sua reputação como pintor de quadros bíblicos e mitológicos. Em 1631, ou no início de 1632, mudou-se para Amstendã, onde fez sucesso imediato com

A Lição de Anatomia do Dr. Tulp.











Rembrandt alojou-se com o negociante de Artes Hendrick van Uylenburgh, que se tornou seu sócio e o ajudoua conseguir as muitas encomendas de retratos que o tornaram um jovem artista da moda e da vida abastada.
Em 1634, Rembrandt casou-se com a sobrinha de seu sócio, Saskia van Uylenburgh, e em 1639 o casal pôde comprar uma bela casa na cidade. Três filhos de Rembrandt morreram na infância, e embora um dos filhos, Tito, tenha nascido em 1641 e sobrevivido, Saskia, a esposa de Rembrandt, viria a morrer no ano seguinte.
Mesmo assim, este foi o ano em que o artista pintou o mais celebrado de seus quadros, A Ronda Noturna e alcançou o ápice de seu sucesso público.

Ronda Noturna


Rembrandt Van Rijn é uma das mais eminentes figuras na história da arte européia; muitos o classificam como o maior de todos os pintores. Trabalhou dentro da tradição da arte protestante holandesa e nunca deixou sua terra natal. Ainda assim, foi não apenas um pintor tecnicamente brilhante como também mostrou um novo tipo de percepção: ninguém antes de Rembrandt fez as coisas comuns da humanidade parecerem tão profundamente sérias e interessantes. Em seus quadros sobre episódios históricos e bíblicos, assim como nos seus retratos de contemporâneos ricos e pobres, Rembrandt parece ir direto ao coração. Sua capacidade de percepção pode ter sido baseada no autoconhecimento, pois ele pintou sua própria imagem repetidas vezes, fazendo um registro único da peregrinação da juventude e de sucesso rumo à velhice e ao sofrimento.

Outras telas de Rembrandt:




















Autoretrato




















Retrato de um velho senhor judeu










Danae












Danae /detalhe









sábado, 18 de agosto de 2007


Gore Vidal, no prefácio do livro Peggy Guggenheim una vita per l'arte referiu-se a ela como uma colecionadora de quadros e de seres humanos.
Peggy soube como poucos usar seu o dinheiro para financiar artistas, comprar obras, negociar arte, fundar galerias e um museu. A simples menção do nome remete-nos imediatamente ao Museu Guggenheim de Nova York, que foi fundado pelo seu tio Salomon. Mas o que nem todo mundo sabe, entretanto, é que o amor à arte estava presente em outros membros da família, em especial no coração de Peggy, sua sobrinha.

Um pouco de sua vida

Peggy nasceu em Nova York, em 26 de agosto de 1898,
há quase 110 anos, portanto mas passou grande parte de sua vida na Europa. Seu nome era Marguerite e tinha mais duas irmãs.
Apesar de ter nascido em "berço de ouro" não teve uma infância feliz. Vivia isolada, estudava em casa com tutores, e não teve contato com outras crianças. Somente a partir dos 15 anos que ela começou a frequentar uma escola judaica para meninas, onde se formou em 1915.
Os avós de Peggy - um suíço, Seligman e um alemão da Bavária, Guggenheim - chegaram aos Estados Unidos sem um centavo e fizeram fortunas. O dinheiro se tornou incalculável, quando por casamento, os Guggenheim e os Seligman se uniram.
O pai de Peggy morreu no naufrágio do Titanic.
Era um gentleman. Vestido a rigor, subiu ao convés, enquanto o navio afundava. Num dos botes salva-vidas havia lugar para ele ( os que se salvaram foram os ricos), que declinou a oferta em favor de uma mulher e uma criança.
Esta generosidade para com a vida e seus semelantes seria um dos atributos de Peggy Guggenheim. Herdou dinheiro, alegria de viver, entusiasmo e uma sábia inclinação pelos prazeres da mesa e da cama.
A grande fortuna que herdou, tanto do lado paterno (Guggenheim) quanto do materno (Seligman), destinou à arte e foi com este sentimento que em 1919, após receber sua herança, Peggy dicidiu tranferir-se para a Europa.

Peggy na Europa

À princípio, pretendia fazer uma curta visita mas que acabou tranformando-se numa estadia de 21 anos. Em
Paris, em 1922, casou-se com o pintor Laurence Vail. Tiveram dois filhos mas divorciaram-se em 1930. Com ele aprofundou seu gosto pela arte moderna e foi
com isto que se tornou célebre. Apostou, principalmente no surrealismo, quando esta arte ainda provocava ceticismo, montando uma coleção notável: Giacometti, Brancusi, Marcel Duchamps, Robert Delaunay, André Breton, Max Ernst, Pollock,
Léger, Calder, Kandinski, Paul Klee, Juan Miró, Dalí (sua mulher Gala, invejosa, odiava a vida que Peggy levava), Magritte e outros.
Depois do divórcio, amantes e casos sucederam-se em grande número. E não eram homens comuns!! Entre eles, Max Ernst e Samuel Becket, autor de Esperando Godot. Becket era um homem magro, seco, estranho, calado, de belos olhos azuis mas um sedutor irresistível e um amante infiel ue às vezes trazia uma segunda mulher para a cama. Peggy, por sua vez afirmava: "As mulheres não me agradam muito, elas são aborrecidas e chatas. Prefiro estar com os homossexsuais ou com homens memo."

Em 1938 Peggy abriu sua primeira galeria - a Guggenheim June - em Londres,
cuja vernissage de inaugurção trazia obras de artistas de vanguarda, como Cocteau e Vassily Kandinski. De cada autor que expunha, Peggy sempre comprava uma obra e em pouco tempo já fazia planos para transformar sua galeria em um museu de arte moderna. A eclosão da Segunda Guera a fez mudar seus planos mas não a fez desistir de seu projeto de montar uma grande coleção e foi à França em busca de outras obras. A chegada das tropas alemães em território francês, em 1941, forçou-a a retornar aos Estados Unidos. Em alguns meses ela havia reunido umas 50 obras, entre elas Klee, Miró, Dalí e Magritte e sua preocupação era salvar estas obras dos nazistas. O Louvre recusou-se a proteger a coleção de Peggy "pois esses modernos vão passar logo, logo", ou seja, eram obras que não valiam a pena salvar!!!!! A coleção ficou escondida num castelo próxima a Vichy e mais tarde ela envia a coleção à Nova York, disfarçada no meio de seus vestidos e casacos com a marcação "OBJETOS PESSOAIS".
Durante a época da guerra preocupou-se em dar apoio aos artistas com dificuldade ou perigo de vida. Ajudou vários artistas judeus escaparem do nazismo entre eles Max Ernst que se refugiou nos Estados Unidos e com quem Peggy se casa em 1941. Seu casamento com Max dura 5 anos.

Em Nova York, ela abre o Art of the Century, uma galeria de vanguarda na qual montou um acervo permanente com a coleção que já possuía e onde realizava mostras especiais. Na agenda incluiam-se nomes como Jackson Pollock, a quem Peggy patrocinou por um período pois acreditava no seu talento.
Aliás, sua personagem aparece no filme POLLOCK, interpretada pela atriz Amy Madigan, cuja foto está aqui. O personagem Pollock é interpretado pelo ator Ed Harris.














Amy Madigan como Peggy no filme Pollock

Peggy morreu em 1979, em Veneza onde ela havia adquirido um palazzo , hoje transformado em museu - Palácio dos Leãoes - e onde se encontra toda coleção que Peggy adquiriu ao longo de sua vida.



Outras fotos de Peggy









Veja aqui Peggy Guggenheim Collection