Gore Vidal, no prefácio do livro Peggy Guggenheim una vita per l'arte referiu-se a ela como uma colecionadora de quadros e de seres humanos.
Peggy soube como poucos usar seu o dinheiro para financiar artistas, comprar obras, negociar arte, fundar galerias e um museu. A simples menção do nome remete-nos imediatamente ao Museu Guggenheim de Nova York, que foi fundado pelo seu tio Salomon. Mas o que nem todo mundo sabe, entretanto, é que o amor à arte estava presente em outros membros da família, em especial no coração de Peggy, sua sobrinha.
Um pouco de sua vida
Peggy nasceu em Nova York, em 26 de agosto de 1898,
há quase 110 anos, portanto mas passou grande parte de sua vida na Europa. Seu nome era Marguerite e tinha mais duas irmãs.
Apesar de ter nascido em "berço de ouro" não teve uma infância feliz. Vivia isolada, estudava em casa com tutores, e não teve contato com outras crianças. Somente a partir dos 15 anos que ela começou a frequentar uma escola judaica para meninas, onde se formou em 1915.
Os avós de Peggy - um suíço, Seligman e um alemão da Bavária, Guggenheim - chegaram aos Estados Unidos sem um centavo e fizeram fortunas. O dinheiro se tornou incalculável, quando por casamento, os Guggenheim e os Seligman se uniram.
O pai de Peggy morreu no naufrágio do Titanic.
Era um gentleman. Vestido a rigor, subiu ao convés, enquanto o navio afundava. Num dos botes salva-vidas havia lugar para ele ( os que se salvaram foram os ricos), que declinou a oferta em favor de uma mulher e uma criança.
Esta generosidade para com a vida e seus semelantes seria um dos atributos de Peggy Guggenheim. Herdou dinheiro, alegria de viver, entusiasmo e uma sábia inclinação pelos prazeres da mesa e da cama.
A grande fortuna que herdou, tanto do lado paterno (Guggenheim) quanto do materno (Seligman), destinou à arte e foi com este sentimento que em 1919, após receber sua herança, Peggy dicidiu tranferir-se para a Europa.
Peggy na Europa
À princípio, pretendia fazer uma curta visita mas que acabou tranformando-se numa estadia de 21 anos. Em
Paris, em 1922, casou-se com o pintor Laurence Vail. Tiveram dois filhos mas divorciaram-se em 1930. Com ele aprofundou seu gosto pela arte moderna e foi
com isto que se tornou célebre. Apostou, principalmente no surrealismo, quando esta arte ainda provocava ceticismo, montando uma coleção notável: Giacometti, Brancusi, Marcel Duchamps, Robert Delaunay, André Breton, Max Ernst, Pollock,
Léger, Calder, Kandinski, Paul Klee, Juan Miró, Dalí (sua mulher Gala, invejosa, odiava a vida que Peggy levava), Magritte e outros.
Depois do divórcio, amantes e casos sucederam-se em grande número. E não eram homens comuns!! Entre eles, Max Ernst e Samuel Becket, autor de Esperando Godot. Becket era um homem magro, seco, estranho, calado, de belos olhos azuis mas um sedutor irresistível e um amante infiel ue às vezes trazia uma segunda mulher para a cama. Peggy, por sua vez afirmava: "As mulheres não me agradam muito, elas são aborrecidas e chatas. Prefiro estar com os homossexsuais ou com homens memo."
Em 1938 Peggy abriu sua primeira galeria - a Guggenheim June - em Londres,
cuja vernissage de inaugurção trazia obras de artistas de vanguarda, como Cocteau e Vassily Kandinski. De cada autor que expunha, Peggy sempre comprava uma obra e em pouco tempo já fazia planos para transformar sua galeria em um museu de arte moderna. A eclosão da Segunda Guera a fez mudar seus planos mas não a fez desistir de seu projeto de montar uma grande coleção e foi à França em busca de outras obras. A chegada das tropas alemães em território francês, em 1941, forçou-a a retornar aos Estados Unidos. Em alguns meses ela havia reunido umas 50 obras, entre elas Klee, Miró, Dalí e Magritte e sua preocupação era salvar estas obras dos nazistas. O Louvre recusou-se a proteger a coleção de Peggy "pois esses modernos vão passar logo, logo", ou seja, eram obras que não valiam a pena salvar!!!!! A coleção ficou escondida num castelo próxima a Vichy e mais tarde ela envia a coleção à Nova York, disfarçada no meio de seus vestidos e casacos com a marcação "OBJETOS PESSOAIS".
Durante a época da guerra preocupou-se em dar apoio aos artistas com dificuldade ou perigo de vida. Ajudou vários artistas judeus escaparem do nazismo entre eles Max Ernst que se refugiou nos Estados Unidos e com quem Peggy se casa em 1941. Seu casamento com Max dura 5 anos.
Em Nova York, ela abre o Art of the Century, uma galeria de vanguarda na qual montou um acervo permanente com a coleção que já possuía e onde realizava mostras especiais. Na agenda incluiam-se nomes como Jackson Pollock, a quem Peggy patrocinou por um período pois acreditava no seu talento.
Aliás, sua personagem aparece no filme POLLOCK, interpretada pela atriz Amy Madigan, cuja foto está aqui. O personagem Pollock é interpretado pelo ator Ed Harris.
Amy Madigan como Peggy no filme Pollock
Peggy morreu em 1979, em Veneza onde ela havia adquirido um palazzo , hoje transformado em museu - Palácio dos Leãoes - e onde se encontra toda coleção que Peggy adquiriu ao longo de sua vida.
Outras fotos de Peggy
Veja aqui Peggy Guggenheim Collection
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