sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Brennand em Porto Alegre


A exposição do escultor, desenhista e pintor Francisco Brennand, que acontece no Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brennand: Uma Introdução leva aos visitantes um pouquinho do trabalho do artista plástico Francisco Brennand, nascido em 1927 no Recife, cuja obra abrange a escultura, a pintura e o desenho, numa vasta produção ao longo de 60 anos de carreira. Faz parte das programações dos 200 anos do Banco do Brasil, chamada Brasil Itinerante. Ela fica em cartaz até dia 28 de setembro, no Museu da Universidade Federal do RGS, Av. osvaldo Aranha, 227 - Porto Alegre/RS

A mostra tem curadoria de Olívio Tavares de Araujo e é composta de 33 esculturas, 17 pinturas e 9 desenhos, selecionados entre as mais de 1700 obras presentes na Oficina da Várzea, próxima a Recife, onde o artista cria e mantém suas obras para visitação pública.

Os trabalhos que compõem a exposição são inspiradas no sofrimento e dor, com esculturas dramáticas, femininas e sexuais. As mulheres, um dos focos principais do trabalho do artista, são lembradas por suas vidas perturbadas e sofridas, como as de Joana d´Arc, Inês de Castro, Ofélia, Maria Antonieta e Helena de Tróia.

"No ano passado, uma enciclopédia brasileira incluiu pela primeira vez um verbete sobre Francisco Brennad. Assegurou então que ele "busca inspiração na arte sacra e no folclore nordestino". Está errado. É verdade que na década de 1960 o ainda-pintor Brennad se voltou transitoriamente para essas duas matizes, mas nem de longe elas aparecem na escultura, que é a parte mais importante de sua produção. A informação está com quase 50 anos de atraso.
O habitat natural desas obras é a Oficina Brennand, a 20 quilômetros do centro do Recife. Por um lado é uma indústria cerâmica, que fabrica objetos decorativos e revestimentos de alta qualidade. Por outro, é uma espécie de enorme museu, a maior parte a céu aberto, com mais de 1.700 esculturas espalhadas por galpões e jardins. Trata-se de um trabalho sem final, um work-in-progress, um projeto
de vida, visto que Brennand, utilizando a mesma argila de que se serve a indústria, continua produzindo e aumentando a população da Oficina.
É uma arte estranha, dramática, com muita morbidez e violenta carga de sexualidade - não de erotismo, que é outra coisa. Tem-se a sensação de estar em algum monumento da antiguidade oriental -0 um templo ou palácio mesopotâmico, talvez, construído ha 3.000 ou 4.000 anos. Já houve quem, em visita a este espaço, tirasse os sapatos para "absorver melhor a energia" brotando da terra. Por certo não há nenhuma energia diferente, nem Brennand é um bruxo habitando um lugar especial. mas é o impacto é tão grande que as pessoas começam a viajar.
São centenas de personagens da história antiga e da européia, da mitologia greco-romana, da Bíblia. O que os interliga, todos, são seus destinos particularmente trágicos, sangrentos. O verdadeiro tema de Brennand, tratado obsessivamente e à exaustão nas obras capitais, foi e continua sendo o destino trágico do homem, sua infelicidade essencial, hoje como ontem e amanhã".
Olívio Tavares de Araújo
Curador da Exposição


(Crédito destas 3 fotos: Eduardo Kasper)


Obs.: Tem link para a página de Brennad acima, à direita do blog



Um comentário:

Anônimo disse...

Esse MUSEU dele é uma MARAVILHA!
Obrigado pela sua visita e comentário no Varal. Vamos esperar que NOSSO amigo JG volte logo!

Bjs