Este é o título da seção Artes & Espetáculos, da revista VEJA, do dia 1º de bril de 2009, com texto de André Petry, da Filadélfia onde, no Museu de Arte, está acontecendo uma exposiçao de 59 obras do mestre francês Paul Cézanne.
Estará em cartaz até 17 de maio e não será vista em nenhum outro lugar dentro ou fora dos Estados Unidos. Este não seria o único detalhe dessa exposição. Ela também pretende confrontar com 112 obras de 19 artistas, entre eles Henri Matisse e Pablo Picasso, dois grandes da pintura Moderna. Picasso teria dito "Ele era como nosso pai e foi meu único mestre" e Matisse que "ele era o mestre de todos nós". A mostra propõe que nenhum outro pintor teve tanta influência sobre a arte do século XX quanto Paul Cézanne.
Estará em cartaz até 17 de maio e não será vista em nenhum outro lugar dentro ou fora dos Estados Unidos. Este não seria o único detalhe dessa exposição. Ela também pretende confrontar com 112 obras de 19 artistas, entre eles Henri Matisse e Pablo Picasso, dois grandes da pintura Moderna. Picasso teria dito "Ele era como nosso pai e foi meu único mestre" e Matisse que "ele era o mestre de todos nós". A mostra propõe que nenhum outro pintor teve tanta influência sobre a arte do século XX quanto Paul Cézanne.
"A paternidade de Cézanne sobre a arte do século XX não é uma tese nova, mas permanece um tanto enigmática. Cézanne não tem a sensualidade de Gauguin, a leveza de Renoir ou a emoção de Van Gogh - todos eles artistas de sua época, a segunda metade do século XIX. Por que, então virou referência tão sólida da arte moderna? Sua personalidade, em vez de ajudar, confunde. Cézanne era introvertido, tinha pânico de ser tocado de surpresa e repudiava os sinais da modernidade. Achava que as calçadas para pedestres adulteravam a calma da cidade e dizia que a chegda da iluminação elétrica nas ruas devastava o crepúsculo. E, no entanto, Cézanne virou o pai de todos. Como? Para ajudar a entender este paradoxo, exposição da Filadélfia mostra que, mesmo sem ter os distintivos dos seus contemporâneos nem apreço algum pela vida moderna que então se insinuava, Cézanne tinha o essencial: vivia a pintura mais que a própria vida, razão pela qual sua arte transcendeu seu tempo e até suas próprias idéias de sociedade e comportamento. Diante de seus quadros é fácil ver que Cézanne não viveu. Cézanne pintou. E pintando sepultou o academicismo e, talvez sem querer, abriu a caixa de Pandora de onde sairia o modernismo. Cézanne inspirou expressionistas, construtivistas, divisionistas, supremacistas, futuristas e uma penca de "istas" do século XX. Fez explêndidas naturezas mortas. Em seu estúdio havia maçãs por todos os cantos. Pintava-as com maestria".
Straw vase /1895
"Cézanne fascinou os futuros cubistas. Os objetos desafiam a gravidade e aparecem em múltiplas perspectivas, tendo todos os elementos de uma imagem incoerente e desiquilibrada - e, no entanto, tudo ali faz sentido ao olhar. Cézanne também fez paisagens colossais (pintou e repintou o Monte Sainte-Victoire, perto de Aix en Provence, sua cidade natal) e retratos inesquecíveis (só de sua mulher Hortense, fez quase 30). Seus retratos são duros, cansados, taciturnos. Já se disse que sua preferência por Marie-Hortense não vinha só da disponibilidade física da modelo, mas também do seu rosto tão expressivo quanto uma lata de sardinha".
Com o Madame Cézanne numa poltrona vermelha, cuja saia em múltiplos tons de verde é um espetáculo à parte, cusou um impacto profundo. A partir desta tela Matisse pintou a Mulher em Azul, em 1937 e Picasso fez O Sonho em 1932. (Marie Thérèse, sua então amante é a modelo)
Mulher em Azul - Henri Matisse/1937
The Dream Pablo Picasso/1932
The Dream Pablo Picasso/1932
[...]
Em 59 obras Cézanne aparece em todo seu esplendor, com suas pinceladas curtas e diagonais. Seu domínio do azul é impressionante. O azul de Cézanne coloca ar dentro dos seus quadros. Numa variação da série dos banhistas, o artista marca o perfil das mulheres nuas com grossas pinceladas de azul e, com isto, lhes dá uma luminosidade mágica, elétrica.
The largest bathers -1890-91
Sua versatilidade com o verde é interminável. Em Le Pont de Maincy, feito por volta de 1879, Cézanne parece ser o dono da cor.
A exposição na Filadélfia tem ainda a vantagem de ficar perto de Merion, onde está situada a Barnes Foundation dona de uma das mais espetaculares coleções de imprescionistas, pós-impressionistas e modernistas do mundo. Seu fundador Albert Barnes (1872/1951), que fez fortuna vendendo Argyrol, um pó antiséptico, esteve em Paris pela primeira vez em 1912. Interessado em arte, comprou dois quadros de Cézanne. Er o início de seu acervo fabuloso. Hoje, a Barnes, só de Cézanne tem 69 obras, além de Matisse (59), Picasso (46), Degas (11), e Van Gogh (7). Como se vê, quando se trata do melhor da pintura, na Filadélfia e em Merion, ninguém perde a viagem".
Texto entre aspas é de André Petry, publicada na VEJA de 1º de abril de 2009
Para ver outras obras de Cézanne, recomendo:
O Século Prodigioso (postagem do dia 02/10/2006)
e para saber sobre a Fundação Barnes, o link é:
Barnes Foundation
Texto entre aspas é de André Petry, publicada na VEJA de 1º de abril de 2009
Para ver outras obras de Cézanne, recomendo:
O Século Prodigioso (postagem do dia 02/10/2006)
e para saber sobre a Fundação Barnes, o link é:
Barnes Foundation
Um comentário:
Maravilhosa postagem Liz. Parabéns..
Paul Cèzanne foi um dos primeiros a inverter a perspectiva e trazer as figuras posteriores para frente do quadro..Talvez daí tenham resultado algumas idéias para os cubistas..Quem sabe??
Abraço
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