quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ainda sobre Poussin
(segundo o texto de Daniel Piza)



Daniel cita Claude Lévi-Strauss, que no seu livro Olhar Escutar Ler diz "que diante de uma tela de Poussin temos a impressão de estar diante de "um pequeno teatro"(...) um recurso muito distinto da estratégia dita pós-moderna, que quase sempre se basta na aparência da linguagem".
Continua dizendo que diante de Hymeneus Travestido, a impressão também não poderia ser diferente e que numa conversa com o curador do MASP, Teixeira Coelho, este lhe disse que havia cronometrado o tempo médio que cada pessoa se detinha diante de uma tela: oito segundos!!
"que assim não é possível compreender um Poussin, por exemplo, com sua combinação de rigor e vitalidade".
Daí eu pergunto: quem ou quantas pessoas neste País, que está se lixando pra cultura e a arte, tem preparo para, ao visitar uma exposição de arte, formular qualquer análise crítica de rigor e vitalidade ???? Isto é para teóricos, estudiosos e especiaistas. O povo olha, gosta ou não gosta e ponto. Este "refino" nossa geração infelizmente não vai ter oportunidade de ver acontecer. E duvido que uma próxima também. Repito: INFELIZMENTE.

3 comentários:

Ricardo Kersting disse...

Oi Liz..
É preciso tentar compreender.. Estou falando de mim mesmo. Dependendo da exposição e dos artistas que estão sendo expostos, não há como ficar mais de 8 segundos na frente de uma tela..Agora, para um "leigo" perceber rigor e vitalidade num Poussin, 36 horas não seriam suficientes. Começando pelo fato que dificilmente essas virtudes se percebe nesse pintor, não que ele não as tenha, mas há outras muito mais evidentes.. Como muito bem citaste, "este refino é para estudiosos".Mas da maneira que as exposições são feitas no Brasil, ninguém dispõe de oito segundos por tela, a não ser que cada um tenha três dias para visitar a mostra..mais parecem feiras. Na minha singela opinião todos os curadores pecam por excesso.. É informação demais para ser digerida em tão pouco tempo.

Saber sobre arte de forma abrangente e ao mesmo tempo com conteúdo suficiente em todos os sentidos...é impossível. Uma pequena parcela de estudiosos conhece "bem" apenas uma vertente artística no máximo duas. Por essa razão há especialistas em diferentes áreas.. Pode acontecer de um sujeito ser especialista em cubismo por exemplo, mas creio que essa especializção estará baseada em dois ou três artistas, seja, por amostragem.. Quero crer que é impossível um curador ou crítico conhecer todas as manifestações plásticas profundamente..

E aí querer que um cidadão comum entre no Masp capte a intenção dos artistas e ainda processe um parecer dessa natureza num Poussin, convenhamos né? Nem se ele ficar duas horas olhando..
Também digo; infelizmente! mas vou querer o quê? Iberê Camargo tem um museu só para ele e 99% da população de P.Alegre nem sabe quem é....Desculpa-me se exagerei, mas tens razão...não será nessa geração e nem nas próximas..
Abração.

Zaclis Veiga disse...

Interessante a tua argumentação. É muito difícil fazer com que um "leigo", seja de qualquer geração,fique um bom tempo diante de uma iamgem em um museu.
O ambiente exige uma certa urgência, o passeio rápido pelos corredores é demanda de uma necessidade de absorver tudo o que se apresenta e de se compreender o mundo em poucos segundos.
E esses poucos segundos diante de obras tão intensas não nos revelam o mundo mas nos fazem encarar a beleza como algo muito além da fast-cultura a que estamos acostuamdos. Bom seria se todos pudessem ficar por pelo memos 8 segundos diante de um Poussin.

Celso Ramos disse...

Oi Liz!!

Polêmico sua questão...porque me parece que há também um despreparo total daqueles que se formam nas faculdades, pois não basta cursar 4 anos de belas artes para formar outras pessoas. É preciso mais tempo e uma formação mais geral (cultura geral). Infelizmente moramos em um país que herdou péssimos hábitos e continua tratando tudo aquilo que não produz dinheiro imediato e coisa sem valor...quem perde nisso tudo são as gerações as quais você se refere, porque se essas pessoas desde pequenas aprendessem outros valores a coisa seria diferente. Então não basta apontar o disinteresse dos jovens, precisamos perguntar quem os educa.
Ps. Um Feliz natal para você e toda sua família, que Jesus te abençoe.