terça-feira, 24 de julho de 2007


O tema foi A ARTE NO CINEMA e lá me fui eu puxar os fios da minha memória cinematográfica. Lembrei de três filmes:

1) A garota do brinco de pérola (Girl with a Pearl Earring)





Aborda uma determinada época da vida do pintor holandês Jan Vermeer (1632-1675) em que Scarlett Johansson é a tal garota. Belíssima, diga-se de passagem. Estou postando a tela de Vermeer.
A de Scarlet, interpretando a própria, vocês podem ver clicando
aqui

Chegando lá, clicar no item 19.
Comparem as duas fotos. Impressionate a semelhança!


Os dois filmes seguintes, considero especiais não pelo filme em si, mas porque o tema é lembrado subliminarmente, como podem ver a seguir:


2)
The Thomas Crown Affair


Neste, o deus grego Pierce Brosnan, interpreta um milionário entediado que rouba quadros de pintores famosos. No caso, Monet. Não vou contar a história pois o objetivo aqui é outro. No final, quando ele resolve devolver o quadro roubado ao museu ele - Thomas/Pierce - se movimenta pelo cenário, fazendo uma alegoria ao trabalho de René Magritte (1898-1967), pintor belga Surrealista que dizia: "eu faço uso da pintura para tornar os pensamentos visíveis." Thomas Crown anda pelo museu vestido tal qual o tema recorrente nas telas de Magrite: vestindo terno escuro e usando chapéu-côco. Até a gravata vermelha não foi esquecida... Este personagem se multiplica pois é a maneira dele driblar a vigilância, deixando o interior do museu tomado pelos "homens de chapéu-côco" de Magritte. Quem não se interessa por arte, estes detalhes passam batidos. A menção é, portanto, subliminar.

Tela:
Le fils de l'homme de René Magritte



3) O Dragão Vermelho - (The Red Dragon)

Este filme me impressionou exatamente pela habilidade dos roteiristas ( sei lá se são eles que fazem isto) de embutirem a "fatia" arte na história. Nela, outro dos meus queridinhos - Ralpf Fiennes - interpreta o maníaco Tooth Fairy, obcecado por tatuagens e famoso por seus crimes cometidos com requintes de crueldade. É um personagem que inspira compaixão no expectador pois ele é atormentado por uma auto-estima distorcida e pretende (na sua loucura), transformar-se em um dragão. Este dragão é inspirado no Dragão Vermelho de William Blake, que é, assim, lembrado subliminarmente também...

Foto:
Fiennes, interpretando o tatuado Tooth Fairy



William Blake (1757-1827) foi um dos primeiros grandes poetas Romanticos ingleses. Foi também pintor, impressor e um dos maiores gravadores da história inglesa. Seus trabalhos poéticos foram todos ilustrados por ele mesmo e, segundo consta, sua mulher o auxiliava neste trabalho. Sua obra é impressionante: apocalíptica, assustadora e profética. Como todo grande criador, foi um gênio incompreendido na sua época. Uma voz solitária contra a marcha da ciência e da razão. Talvez por isto tenha sido considerado um lunático pelos seus contemporâneos. Mas sua obra vale a pena ser vista.

Tela:
The Red Dragon, de William Blake
(uma das versões. Existem outras, mais horripilantes...)



-.-.-.-

Álvaro, parceiro da Confraria, propôs que cada um de nós -
os loucos por arte - procurasse, no número sem-fim de obras de arte criadas pelos mestres da pintura, duas ou mais delas que lembrassem outra, criada por outro artista. Tema, cores e disposição dos elementos na tela.
Well...
minha contribuição vai ser obra dos cubistas Andre Lothe(1885-1962) e Pablo Picasso(1881-1973).
Lothe, para os menos interessados em arte, deve ser um ilustre desconhecido se comparado ao badaladíssimo Picasso. Ele sempre é mais lembrado como mestre do que pintor.Mas se formos estudar a biografia da grande maioria dos pintores da época, veremos todos procuraram Lothe para aprender com ele.
Até Tarsila do Amaral, nossa dama antropofágica, foi uma de suas pupilas quando ela se foi para Europa para aprender com os mestres e em conseqüência disto executou trabalhos com influência visível dessa sua convivência com os Cubistas.



Picasso e Françoise Gilot (que também era pintora) na praia de Golfe-Juan, em 1948. Françoise foi a 3ª mulher de Picasso e é ela a mãe de Paloma Picasso.
(acho linda esta foto...)




André Lothe






Les Demoiselles d'Avignon, Picasso terminou no verão de 1907, iniciado muitos meses antes e que causou uma estupefação geral mesmo entre os amigos do pintor. O pintor Georges Braque, amigo recente de Picasso chegou a dizer: "É como se você quisesse nos nos obrigar a comer estopa ou beber óleo!". Quase seis metros quadrados de tela, centenas de desenhos e estudos preparatórios é considerado pelos historiadores de arte como o ponto de partida de toda a arte moderna. Pela primeira vez, um pintor ousa romper com a verossimilhança e cria um universo pictórico.


Esta tela, cuja data e título não encontrei (ainda) é obra de Lothe. Aliás, estou pedindo ajuda. Quem quiser me acompanhar na busca de mais informações...
Mas, não querendo desmerecer absolutamente a importância deste mestre, acho que foi inspirada na "demoiselles" de Picasso.
Busquei na rede alguma informação sobre as obras de Lothe mas não encontrei sobre esta, especificamente. Como coleciono gravuras, reportagens sobre arte há muito, encontrei nos meus "guardados" esta tela. Somente com o nome do autor. Putz!!!!Semelhanças com a famosa Demoiselles, são visíveis para qualquer que compare as duas obras. Resta saber qual delas foi feita em primeiro lugar.

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